quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O Espaço Geográfico, Um Híbrido

Na etimologia da palavra, hibrido remete a ultraje, correspondendo a uma mistura, atribui isso a epistemologia do espaço geográfico sendo resultante da interação entre ação e espaço.

Para uma reconstrução dessa teoria do conhecimento deve-se adotar a idéia de intencionalidade, porém, não só para reconstruir, essa noção é igualmente eficaz na contemplação do processo de produção e de produção das coisas, considerados como um resultado da relação entre homem e o mundo, entre o homem e o seu entorno. Para Jean-Luc Petit a qualidade do que é intencional nas ações é “movimento consciente e voluntário” do agente na direção das coisas. Em uma visão mais apropriada da intencionalidade como premisse da compreensão do espaço geográfico observa-se uma noção vinda da psicologia e da psicanálise, para Elliot Jacques “a idéia do evento intencional está implícita na idéia de conduta, de ação”

A inseparabilidade dos objetos e ações é de suma importância para compreensão do espaço, Kant escrevia que os objetos mudam e propõem diferentes geografias. Nesse sentido é o espaço considerado em seu conjunto que redefine os objetos que o formam. Por isso, o objeto geográfico está sempre mudando de significado. É o que Laclau denomina “instabilidade dos objetos”

Tendo uma idéia mais clara sobre espaço, usamos a noção de forma-conteúdo (santos,1978) é, em geografia, o correlato dessa idéia de mistos ou híbridos e, ao mesmo tempo, da idéia de forma “monumental” de Diano (1994). A cada evento, a forma se recria, Assim, a forma-conteúdo não pode ser considerada, apenas, como forma, nem, apenas, como conteúdo. A idéia de forma-conteúdo une o processo e o resultado, a função e a forma, o passado e o futuro, o objeto e o sujeito, o natural e o social. Essa idéia também supõe o tratamento analítico do espaço como um conjunto inseparável de sistemas de objetos e sistemas de ações

Para não deturpar as características distintas de paisagem e espaço, é necessária uma análise separada de ambos, a paisagem é a junção de formas, características e interações em um determinado lugar desde o principio até o presente momento de observação e analise, ou seja, ao olhar para esse lugar, a imagem estática do que se vê proveniente de diversos fenômenos naturais ou antrópicos. O espaço é o presente momento “animado” desta imagem, a realidade em movimento e interações do homem e paisagem, ou seja, a intrusão da sociedade nessas formas-objetos.



Referência:

Santos, Milton, 1926-2001

A Natureza do espaço: Técnica e tempo, Razão e emoção/

Milon Santos - 2002. - (coleção Milotn Santos; 1)